Resolução do 16º Congresso Estadual da UJS / Bahia
2 a
4 de maio de 2014 – Salvador – UNEB
Carta “Dois de Julho”
Em
30 anos muita coisa aconteceu no Brasil e na Bahia: derrotamos a ditadura;
conquistamos o direito de votar para presidente; com as caras pintadas
derrubamos o presidente “collorido”; fomos às ruas contra o governo neoliberal
de FHC, que desejava vender nosso país ao tio Sam; elegemos o primeiro
presidente operário e, não satisfeitos, elegemos a primeira mulher presidenta
da história de nosso país!
Nunca
nos intimidamos e, com muita coragem, enfrentamos o carlismo perverso que
durante um longo período dominou a Bahia com “uma mala de dinheiro em uma mão e
um chicote na outra”. Foram eles os principais responsáveis por colocar nosso
estado com alguns dos piores indicadores sociais do país, contrastando a
miséria do nosso povo com a riqueza dos “amigos do rei”.
Nessas
três décadas, como em toda a nossa história, não houve um só dia sem luta. Os
baianos fizeram valer sua fama de rebeldes e, ao lado da Revolta dos Malês e da
Independência da Bahia, inseriram em nossa história capítulos como o 16 de maio
de 2001 e a Revolta do Buzú, dentre muitos outros. Daqui, partiram inspirações
para lutas em todos os cantos do Brasil. Aqui, nos inspiramos com as lutas
construídas em cada lugar de nosso imenso país.
Mas
mesmo nos momentos mais difíceis e duros dessa jornada; mesmo quando a tropa de
choque da corja carlista avançava com seu ódio contra as manifestações
populares; mesmo quando depois de reconquistada a democracia no Brasil pessoas
eram presas e perseguidas na Bahia; nunca, em momento algum, as bandeiras da
União da Juventude Socialista deixaram de estar presentes nas lutas da
juventude e do povo.
Inconformados
com esse espírito rebelde dos baianos, tentaram reescrever a nossa história e
apagar os inúmeros capítulos de luta nela contidos. Foi assim que a denominação
do Aeroporto Internacional de Salvador passou a homenagear o “filho do rei”, em
detrimento do Dois de Julho, data mais importante da história da Bahia, o que
representou uma afronta à memória de heróis e heroínas como Luiz Lopes, João
das Botas, Maria Quitéria, Joana Angélica e tantos outros que pagaram com
sangue o preço de nossa liberdade. Por isso, é de enorme importância que o
Aeroporto Dois de Julho volte assim a ser chamado.
E é
com esse sentimento que reafirmamos que “nunca mais o despotismo regerá nossas
ações”. Rejeitamos a possibilidade de retorno da direita e propomos a edição da
campanha “A DIREITA QUER VOLTAR: DIGA
NÃO! – CARLISMO NUNCA MAIS!”, que deverá ter caráter permanente, mas
intensificada especialmente nos meses que antecedem a eleição de outubro, e
deverá buscar envolver um conjunto de organizações do movimento social baiano.
Aprovamos,
ainda, nesse 16º Congresso Estadual da União da Juventude Socialista (UJS) o
apoio de nossa organização à candidatura do companheiro RUI COSTA ao governo da
Bahia, além da chapa de deputados federais e estaduais identificados com esse
projeto, representado nacionalmente pela presidenta Dilma Rousseff. Conclamamos
todos os segmentos de juventude a ir a campo nessa campanha eleitoral contra o
retrocesso e pela ampliação da participação da esquerda na Câmara dos Deputados
e na Assembleia Legislativa.
Entretanto,
não confundimos apoio com seguidismo. Reafirmamos a nossa autonomia e não
abrimos mão que a candidatura de Rui Costa assuma compromissos efetivos com um
projeto avançado para nosso estado. Se eleito, a UJS estará na linha de frente
da pressão popular para que o governo tome o rumo da esquerda e reafirme os
compromissos originais desse campo democrático.
Somos
a organização que repudia radicalmente o extermínio da juventude negra em curso
em nosso país, mas com reflexos ainda mais perversos na Bahia, onde a população
negra é maioria absoluta. O modelo de segurança pública que vem sendo adotado
faliu, e não temos dúvidas de que o problema da violência não será resolvido
com mais violência, e sim com a garantia de direitos sociais ainda negados à
maioria do povo. Nesse sentido, a desmilitarização da polícia militar é
urgente!
No
ano em que completamos 50 anos do Golpe Militar de 1964, reforçamos a
necessidade de nos reencontrarmos com a nossa própria história, passando a
limpo esse período sombrio. Revisar a Lei da Anistia para colocar os
torturadores da ditadura na cadeia é uma necessidade! Eles precisam pagar pelos
crimes cometidos ao longo de mais de duas décadas de tirania. Na importante
luta pelo direito à memória e à verdade, também estará presente a juventude do
Araguaia!
Aqui
na UJS cabem todas as lutas, sonhos e desejos da juventude baiana. Aqui,
estarão representadas as cores do arco-íris que tanto simbolizam a luta contra
a homofobia. Em nossa organização, igualdade de gênero não é mera retórica de
palanque, mas uma necessidade urgente e indispensável – não haverá Socialismo,
afinal, sem a plena emancipação das mulheres!
Jovens
estudantes, artistas, trabalhadores e trabalhadoras, intelectuais, camponeses e
camponesas de todas as regiões do estado. Em nossa diversidade, unidos pelo
desejo de derrotar o capitalismo e em seu lugar colocarmos o “Socialismo com a
nossa cara!”.
Somos
a organização que torce pelo Brasil, e por isso não caímos na ladainha do
complexo de vira-latas e, com muito orgulho, vamos vibrar a cada gol de nossa
seleção na Copa do Mundo, evento que, ao lado das Olimpíadas de 2016, são uma
demonstração do novo posicionamento do nosso país no contexto mundial.
Os
desafios são grandes, mas igualmente imensa é a nossa disposição, por que garra
e vontade de lutar nunca nos faltaram! Completamos 30 anos de história (e que
história!) e afirmamos que estamos, sim, preparados para escrever os próximos
capítulos dessa trajetória!
Viva
o Dois de Julho!
Viva
a Juventude do Araguaia!
Viva
o Socialismo!
Salvador,
4 de maio de 2014,
Plenária
Final do 16º Congresso da UJS / Bahia.
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